sexta-feira, 20 de março de 2009

Música, sempre...


Alexandre Desplat - The Curious Case of Benjamin Button
Antonio Sanchez - Migration
Raphael Rabello - Todos os Tons
Mike Moreno - Third Wish
Me'shell NdegeOcello - Confort Woman
Michael Brecker - Pilgrimage
• Ivan Lins - Saudades de Casa
• Muiza Adnet - As canções de Moacir Santos
• The Neil Cowley Trio - Displaced (Bug)
Pierre Boulez: Cleveland Orchestra - Debussy: La Mer, Nocturnes

These days I've been listening to some cool diferent things. One of the things that grabbed my attention was The Curious Case of Benjamin Button's beautiful soundtrack, by Alexandre Desplat. Mike Moreno (New York) happens to be a great composer, besides a wonderful guitar player.
Antonio Sanchez ( from Mexico) is one of my favorite drummers nowadays... his sound, musicality and fluency is just phenomenal.
Raphael is such a beautiful, spetacular guitarist... one of my all time favorites...
Me'shell has this deep groove coming out so naturally, it's so easy to start stepping the foot and want to dance listening to her. Michael Brecker's Pilgrimage is, for me, nothing less than one of the most impressive jazz masterpieces created in a long time. Talking about a pretty song, I just love to listen to Formigueiro, an old song written by Ivan Lins.
The Neil Cowley Trio can bring some interesting textures, it's kinda 'New York oriented', even though you can tell from the very first listening they're from London, by the way they play.
I've been listening to the noturnos and La Mer, by Debussy, since as I can remember, and I like very much this recording by the Cleveland Orchestra. So much music... so little time...

terça-feira, 17 de março de 2009

Obamis


Tá certo que os eleitores do Obama nem sequer sonham em compreender a estampa ao lado. Mas pra quem conheceu o saudoso Mussum, aí vai. Só no Brasil...

terça-feira, 10 de março de 2009

O mundo diante dos olhos.


Semana passada recebi um telefonema de um grande amigo saxofonista, colega de faculdade da época de Berklee e hoje também montador de filmes; Marcio Soares.
É engraçado que, toda vez que ouço a voz dele ao telefone, imediatamente lembro das horas e horas diárias na practice room com a guitarra nas mãos, do frio da New England, das fantásticas aulas com os professores Ed Tomassi ( "you dig??"), Mick Goodrick, Hal Crook, dos divertidíssimos ensembles e concertos nas salas 1A, 1W e BPC...dos intervalos e cafés do Starbucks da Mass. Avenue ou daquele Bagel com cream cheese no Dunkin' Donuts ( que, acreditem, é muito diferente dos daqui... até hoje não sei porque). Lembro do primeiro semestre de arranjo "Chord Scales Voicings for Arranging". Éramos em cinco alunos na classe; Anat Cohen, Miguel Zenon, Alon farber, Avishai Cohen e eu. Como nos divertíamos ao gravar os nossos próprios arranjos... uma festa!
E depois de finda a longa jornada de aulas, tínhamos ainda forças para nos reunirmos nas ensembles rooms e tocarmos em animadas Jams que duravam das seis da tarde à meia noite, às vezes duas da manhã... que maravilha!
Parece que de repente me volta aquele filme todo, nítido, cristalino.
Tenho saudade do tempo em que vivíamos música vinte e quatro horas por dia. Durante dois anos e meio tocamos, escutamos, pesquisamos, praticamos música o tempo todo; um bando de malucos.
- Chico? é o Marcio! Tudo bom por aí? -  já disparando o motivo da ligação:
- Você já checou com caaalma ( assim mesmo, enfatizando o "calma") o Google Maps atualmente? É muito impressionante... precisa ver. Por exemplo, se digitar "Boston, Boylston St", abre-se aquele mapa onde visualiza-se a rua, coisa e tal. Até aí nada de mais, não é?
Pois é, acontece que há agora um ícone de um pequeno boneco no alto da página que, clicando e arrastando para uma determinada rua ou lugar... a imagem se abre bem à sua frente, como se você estivesse de corpo presente,  imagem real!!! É inacreditável. Você caminha virtualmente pelas ruas, enxergando um raio de 360º!
Eu pensei comigo "não é possível".
Desliguei o telefone e logo entrei no tal "Maps" digitando um nome de rua assim, para experimentar. Comecei por uma que conhecia bem, onde residi por dois anos e meio: "Edgerly Road". 
E qual não foi minha surpresa, um tremendo susto na verdade, quando a imagem familiar e absolutamente real (como uma fotografia em 360º) pulou na minha tela. Exatamente como meu amigo tinha descrito!
Fui me emocionando, mas ao mesmo tempo ainda um pouco cauteloso, incrédulo... era aquilo mesmo? Continuei clicando, me aproximando do meu ex-edifício, virando para um lado e outro enquanto caminhava, testando o alcance da visão oferecida pelo mapa.
Era tudo como imaginava; o jardim, o meio-fio, a entrada do edifício.
Experimentei ir até o fim da minha rua, virar à direita na Haviland St e "caminhar" em direção à Mass Ave, por um quarteirão, até a Berklee, como tantas vezes havia feito in loco.
A certa altura, já perto da escola, virei o cursor à esquerda, como se virasse a cabeça na vida real, estava ali: Starbucks! Depois virei à direita: Dunkin' Donuts. Não era possível!
Fui mais adiante clicando nas setas para enfim reconhecer... já com um sorriso no rosto, o inconfundível prédio da Universidade. A imagem retratada era de um dia de sol, parecia primavera. Não acreditei.
Fiquei ali, mais de uma hora na frente da tela, os olhos fixos, a cabeça rodando. Explorei as ruas, virando de esquina em esquina, reconhecendo cada cantinho (que surpreendentemente permanecia bem próximo do que guardava em minha memória).
Liguei de volta pro meu amigo Marcio e perguntei:
- Será que dá pra ver quem está tocando no Symphony Hall hoje?
Ele riu - Daqui há uns dois anos, quem sabe Chico... de repente até escutar o concerto virtualmente. Se estiverem tocando um Debussy, melhor ainda!
Mas aí - pensei comigo - talvez prefira estar lá primeiro, ao vivo, vendo e ouvindo, ainda que seja pra enfrentar aquele frio de lascar da New England, para aí sim, voltar pra casa e contemplar a tela... cheio de saudade.



sexta-feira, 6 de março de 2009

Good memories from Idaho.


Edu Ribeiro, Paulo Paulelli, CP, Anthony Wilson, Mike Moreno.
This picture was taken just after the gig at LH Jazz Fest.
Even taken from a phone camera it looks so nice, it brings me some good memories from Idaho.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Yes or No

I remenber as if it was yesterday... the very first time I've listened to Branford Marsalis music.
I was 12 yers old at the time, and I bought an album, Random Abstract, where they've recorded Yes or No, by Wayne Shorter,and a beautiful version of I thought about you ( a truly homage to Ben Webster) with a great quartet: kenny Kirkland, Dilbert Felix and Lewis Nash. That completely blowed my mind away, and still doing it!! (Here's a version with Bob Hurst on bass and Jeff 'Tain' Watts on drums, for me one of the best Swingin´ Quartets ever!).
This interesting video is a clip taken from a fantastic documentary called Before the music dies, by Andrew Shapter and Joel Rasmussen.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Biografias.

Li há pouco a biografia de Antonio Carlos Jobim escrita por Sérgio Cabral que, mesmo contendo inúmeros erros de português (na realidade eram erros claros de datilografia que ficaram por pura falta de revisão), me agradou muito.
Uma biografia bem escrita é sempre aquela coisa fascinante, especialmente se a vida em pauta é de alguém tão querido como Tom Jobim.
Foi interessante ver o contraste entre as visões de Sérgio e Helena Jobim, que há algum tempo também escreveu sobre o maestro o belíssimo e comovente Um Homem Iluminado
São duas abordagens tão distintas quanto amorosas sobre o compositor: a fraternal, emotiva, íntima, "caseira" de Helena e a do "grande músico, amigo e querido por todos", mais factual e detalhada sobre o artista Jobim, de Cabral. 
Isso é muito natural: sempre que houver duas ou mais versões sobre um mesmo fato, estas apresentarão cores e luzes originais, isso desde que o homem é homem.
Para ilustrar essa verdade, basta perguntar a dois amigos sobre um episódio testemunhado por ambos: tipo um jogo de futebol, melhor, uma final de Campeonato! 
Teremos no mínimo dois jogos, quiçá duas epopéias... e se forem torcedores opostos, aí é que provavelmente não reconheceremos a mesma peleja narrada por um e outro!
Um anjo pornográfico (Nelson Rofrigues); Estrela Solitária (Garrincha); Carmen (Carmen Miranda); todas de Ruy Castro, são biografias que lemos em dois, três dias. Ao mesmo tempo leves e ágeis, mas ricas em detalhes, gostosas de ler.
Já as autobiografias têm aquele "quê" de especial, de secreto. Parece que o fato do próprio biografado escrever nos proporciona um acesso privilegiado, quase irrestrito de sua história, mesmo que estilisticamente possa não ser tão bem acabado ( em muitos casos o autobiografado faz sketches, rascunhos, e acaba contando com a ajuda de profissionais que amarram tudo de forma mais inteligível, dando rítmo, etc).
Miles Davis, Santo Agostinho, Carl Gustav Jung, Sting e tantos outros escreveram memórias sobre si próprios que seguramente nenhum outro poderia fazer melhor. 
Se as passagens descritas por eles não são de todo verdadeiras, se trazem imprecisões ou mesmo criações inverossímeis, talvez isso é o que menos importe.
A viagem aqui é outra: uma possível visão poética (seja crítica, autopiedosa, complacente, convencida, bem humorada, implacável, etc) e, principalmente, "desejada"... de alguém sobre si mesmo. 
E é aí que melhor se traduz o biografado, quer ele queira ou não (em outras palavras: mesmo que procure desesperadamente se esconder, será em vão). Pois a realidade não se encontrará em palavras ou fatos, mas sim nas entrelinhas.  
Talvez nem mesmo ele se dê conta disso, nem nós, nem ninguém, graças a Deus; o imponderável!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Música em doses generosas


Viajar sobre quatro rodas pode ser uma experiência e tanto. Sempre gostei de sair por aí, pegar a estrada.
Dependendo das condições do tempo, da boa companhia e, claro, da trilha, a jornada pode se tornar algo realmente agradável.
Essa seleção veio conosco na última viagem, voltando da Planície para a cidade grande.
Música em doses não homeopáticas:

Sting - All This Time
Nicolas Folmer ( Paris Jazz Big Band) - Fluide
Gilfema - Gilfema + 2
Gilberto Gil & Jorge Ben - Gil & Jorge
Marcos Suzano & Lenine - Olho de Peixe
Wynton Marsalis - Standard Time Vol I
Dorival Caymmi - Eu não tenho onde morar
Bernard Herrmann - Blue Denim
Gustav Mahler - Mahler Lieder

sábado, 31 de janeiro de 2009

Tudo em perspectiva.

" O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos."


Relendo recentemente a poesia de Manoel de Barros foram me ocorrendo alguns pensamentos assim a esmo, que depois de descansarem um tanto voltaram a despertar furtivamente em minha cabeça.
É que lendo um bocado aqui e acolá, fui me enternecendo a cada palavra, cada verso - não só pelo engenho do poeta em construir passagens profundas, singelas, ou por vezes pinceladas com finas 'tiras' de humor - mas desta vez o que mais me entreteve foi reparar a coexistência pacífica e certeira entre a regionalidade e universalidade de sua obra.
O matogrossense Manoel versava partindo daquela pequena formiga recortando a folha da roseira, as aves em revoada, os peixes no rio, as veias da terra arada, enfim, os detalhes escondidos em cada pedaço de chão, tudo era matéria prima para a 'arquitetura' de sua arte. Nas palavras dele: "As coisas que não levam a nada têm grande Importância. Cada coisa sem préstimo tem seu lugar na poesia ou na geral."
E basta um gaúcho, carioca, moçambicano ou lisboeta afeitos a um 'causo' bem contado deitarem os olhos sobre os poemas de Manoel para descobrirem a beleza neles, compreenderem e se comoverem como eu, paulistano longe de ser um expert em Pantanal, me comovi.
Enfim, a idéia que me ocorreu é a de que estamos, pouco a pouco, ficando literalmente 'anestesiados' às sutilezas que se apresentam à nossa frente, no dia-a-dia, como pedras preciosas tão óbvias e reluzentes que simplesmente não enxergamos.
Queremos ver de tudo mesmo que muito pouco minuciosamente (quanto mais e mais rápido, melhor!). Não é muito atraente repararmos com atenção só do 'pouquinho' que está à nossa volta... afinal, na corrida desenfreada da chamada fast-life ( em alusão à fast-food), como podemos prestar atenção aos detalhes? Um sorriso em uma situação momentânea engraçada, um franzir de testa num bate-papo inusitado, um comentário interessante e inesperado... tudo pode se perder, indo embora com o vento... e a vida segue.
Pois são esses, precisamente, os objetos daqueles cuja matéria prima é a pedra preciosa escondida mas reluzentemente óbvia e ululante!
São os sabidos que reparam nessas pedras de cada anel por trás da mão que as ostenta... em cada palavra; verbo, preposicão, adjetivo ou mesmo artigo por trás de uma frase ou parágrafo ... em cada tensão de cada acorde por trás de uma certa canção, em cada cantinho de uma paisagem, por mais escondido que seja.
João do Vale era assim, Guimarães Rosa idem. Jobim, Chaplin, Monk, Machado, Gershwin, Niemeyer, Calder, Garoto ... tantos outros foram assim e seguramente nosso poeta Manoel de Barros faz bonito nesse time - arquitetos da sutileza, tudo em perspectiva.
E viva a formiga, caro Manoel!

domingo, 25 de janeiro de 2009

The future of Music

Como havia comentado anteriormente, aqui vai o link para o livro organizado por Irineu Perpétuo e S. Amadeu.
Trata-se de um conjunto de textos sobre as possibilidades do futuro da música com a proliferação da mídia digital em detrimento das mídias "físicas", enfim, algo bem abrangente. Nele assino o texto "Mudança dos ventos à vista ".
Abraços!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

SP/ janeiro... começou o ano!

Olá a todos!
Primeiro, queria novamente agradecer e dizer o quanto me honra a presença e participação de vocês por aqui, não só por tanto dinamizar o blog, mas generosamente fazer dele o que justamente se proprõe a ser : um espaço descontraído e aconchegante para se bater papo, trocar idéias, celebrar o contato entre as pessoas.
Essa semana e semana que vem há duas participações em shows aqui em São Paulo.
Uma é no concerto do meu parceiro e produtor de dois de meus cds, Swami Jr, violonista e compositor ( hoje, lá no SESC Ipiranga). A outra, embora tenha sido anunciada equivocadamente como sendo meu show, é também uma participação na apresentação do pandeirista de Jazz norte americano Scott Feiner ( dia 21, no Sesc Vila Mariana) que conheci recentemente quando toquei com Esperanza Spalding no Rio de Janeiro.
Tem também o lançamento de um livro de artigos intitulado "O futuro da música depois da morte do CD" ( dia 22, em breve publico aqui o texto que escrevi) e, por fim, um bate-papo/ workshop no SESC Consolação ( dia 24) sobre violão e guitarra, composição, improvisação, parcerias... etc.
Um abraço e bom fim de semana!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Blindfolded listening


Hi there Folks,
This weekend I've been hearing to some interesting stuff on my Ipod while driving my car.
I must confess that in the past I use to be that kind of "against any blindfolded Ipod playlists" type of person, and that's a reason for that: I was afraid that it could happen that I fell in love with some music and, by the time I look to the screen searching for the artist's name... it's just saying: "track 4, unknown artist"; that's sad, and believe me, it happens more often than you think!
All my life I just love to seek the personnel information on any album... I mean; each player, arranger, songwriter, and so on.
Anyway, that fear vanished after I found out that: yes we can do it, to find out a certain artist "hidden" behind some lack of information!
Let's say: someone tells me about some album and I end up including it on my Ipod.
If for some reason I don't have the personnel information, or even the main artist from that album, I still can google that particular album, just having the tracks lengths... and problem solved, the rest you'll be able to find easily, Voilà!

Here we go:

Tigran Hamasyan Trio - New Era
Gabriele Mirabassi e Guinga - Graffiando Vento
Jamiroquai - Emergency on Planet Earth
João Donato - A Bad Donato
Lenine - Labiata
Toninho Horta - From Ton to Tom
Maysa - Barquinho
John Mayer - Inside wants out
Joni Mitchell - Both Sides Now
Kenny Kirkland - Kenny Kirkland

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Stand by me

I've received this from a dear friend...
I aways loved the Beatles, and John Lennon, who sang this song
beautifully ( it's a song by Ben E. King, Jerry Leiber and Mike Stoller).
So, here's another version, also great.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

One Man Band / diletantismo e profissão.

Outro dia li uma matéria sobre o historiador, ensaísta, crítico literário, professor e jornalista Sérgio Buarque de Holanda.
Fiquei admirado, pensando cá comigo: interessante como certas pessoas têm essa aptidão inerente, uma destreza natural em não apenas um, mas múltiplos campos profissionais.
No caso de Sérgio, cada um desses ofícios por ele desempenhados já trariam prestígio a qualquer trabalhador dedicado, desde que bem exercidos, evidentemente.
Mas ele não se deteve a apenas uma seara específica. Esse artigo falava justamente disso, por ocasião do recente lançamento de seu livro não publicado de contos ( área que não era a considerada de sua especialidade): A viagem à Napoles.
Enfim, fiquei divagando sobre a linha tênue entre diletantismo e atividade profissional.
Muito difícil dizer ao certo onde começa um e termina o outro, em se tratando sobretudo das artes pois, de repente, quando menos esperamos podemos estar ganhando a vida com algo novo e surpreendente, outrora considerado apenas um passatempo.
Não raro, surge-nos aquela vontade de se aventurar por outras praias, sejam as de sonho de criança ("quando crescer quero ser...") não concretizadas, ou pelo simples desejo de arriscar-se em algo original, inexplorado, enfrentando o desafio de "mares nunca dantes navegados".
A verdade é que há, sim, casos interessantes de artistas e profissionais atuantes em diferentes áreas e, em alguns casos, tão díspares quanto se possa imaginar.
Alguns deles fazem da somatória de atividades seu ganha-pão, em outros casos uma delas pode ser o refresco para a outra (geralmente a que sustenta o indivíduo), uma diversão, remunerada ou não.
Veja o caso de Guinga : sendo o fantástico compositor que todos conhecemos, também atende por " doutor Carlos Althier", no papel de dentista (hoje por puro hobbie), e aqueles que já estiveram em seu consultório garantem que também é um verdadeiro "artista" das obturações, canais e afins.
Chico Buarque, fazendo jus ao sobrenome do pai, além do compositor que dispensa quaisquer comentários, tornou-se romancista, escrevendo livros como Budapeste e Estorvo.
Ed Motta se valeu de suas habilidades de conhecedor de vinhos para criar várias cartas, menus de restaurantes e Hoteis, inclusive do Emiliano, um dos mais sofisticados de São Paulo. Dizem por aí que se sai muito bem como sommelier, apresentando ainda um programa de rádio: Empoeirado.
Caetano Veloso, que na juventude aspirava ao posto de cineasta, chegou a dirigir o filme Cinema Falado, além de ter escrito o livro Verdade Tropical. Em ambos os casos já era o magnífico compositor e cantor, que viera de Santo Amaro da Purificação para o mundo.
Vinícius de Moraes já é um caso à parte: poeta, compositor, bon vivant e diplomata... dos bons!
Charles Chaplin não se limitou a expressar a genialidade em seus impagáveis filmes, seja como ator ou diretor, mas o fez também como compositor!! Na minha opinião, escreveu uma das mais belas canções de todos os tempos: Smile ( que foi parte da trilha de Tempos Modernos, e tem até uma versão em português interpretada por Djavan).
E a lista vai longe; Luis Tatit ( professor de semiótica, ensaísta e músico), Frank Sinatra ( ator e cantor, uma combinação relativamente comum nos Estados Unidos), Paulo Vanzolini ( zoólogo e compositor, vejam vocês!), Mário de Andrade ( poeta, romancista, musicólogo, professor, crítico e ensaísta), Zé Miguel Wisnik (professor de literatura, escritor, músico), só para citar alguns pouquíssimos exemplos.
Se formos observar bem lá atrás, aí a coisa se complica e a lista se estende ainda mais, até pela formação polivalente que era tida como normalíssima, em oposição à formação especializada nos dias de hoje, de extrema conveniência ao nosso sistema capitalista à la "apertadores de parafuso", como retrataria esplendidamente Chaplin já em 1936);
Galileu Galilei( físico e matemático, escritor, filósofo...), Pitágoras (físico e matemático, filósofo, músico...). Isso sem contarmos o maior e mais brilhante exemplo de polivalência da História, Leonardo da Vinci (pintor, matemático, escultor, arquiteto, físico, escritor, engenheiro, poeta, cientista, botânico, músico...)
Uma breve reflexão nos levaria à seguinte conclusão animadora: sejam lá quais forem suas paixões, vocações, dons ou como queiram chamar... tudo vale a pena, se a alma não é pequena, já diria Fernando Pessoa ( poeta, jornalista, publicitário....)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Jymmy Wyble, a treasure to be discovered

Recebi ontem uma mensagem de uma grande figura de Los Angeles, um sujeito sensacional que atende pelo nome de Bob Barry. Trata-se de um fotógrafo especializado em Jazz que me foi apresentado por Anthony Wilson e John Pisano num jantar musical e etílico na casa dos Pisanos. Era uma tarde de primavera, maio de 2007. Mais do que um artista, Bob é um bon vivant apaixonado por música, guitarras e bom papo. Fisicamente, um típico personagem, digno de filmes de Francis Ford Coppola ou Martin Scorcese. Don Vito Corleone ou Tommy DeVito cairiam como uma luva em seu biotipo. Por fim, para se entender o quão hilário ele pode ser, basta uma tarde de conversa fiada com esse gentleman e terás a garantia de risos à toda prova.
Mas vamos ao motivo desse post: a tal mensagem eletrônica de Bob trazia em attachment esse vídeo muito bonito, com fotos do evento em homenagem a um certo músico texano... resumindo, um dos guitarristas mais impressionantes que já ouvi: Jymmy Wyble.
Quando Anthony me mostrou pela primeira vez esse guitarrista em 2007 ( sou-lhe eternamente grato por isso), trouxe um CDR que lhe foi entregue pelas próprias mãos de Jymmy. Lembro-me, como se hoje fosse, de suas proféticas palavras: "This will blow your mind!!". Logo ao escutar a faixa de abertura, Prelude to a Kiss, tive a mesma sensação que há muito tive ao ouvir a primeira vez Garoto, Wes Montgomery, Baden Powell ou Metheny, uma emoção indescritível.
Senti-me então um completo ignorante por nunca ter ouvido falar de um guitarrista desse calibre e genialidade. Foi quando Anthony me contou a história esclarecedora e ainda mais comovente sobre esse senhor: Jimmy Wyble não poderia mesmo ser conhecido, especialmente pelas gerações mais novas: Por motivos pessoais, tornou-se um homem recluso, assim permanecendo por anos e anos. Raramente saía de casa para tocar ou mesmo para ouvir outros colegas e amigos, embora sempre tenha sido um homem generoso e muito, muito querido. Só recentemente Jymmy voltou a sair, socializar-se mais e novamente se apresentar tocando sua magistral guitarra para que todos possam, mais uma vez, se curvar diante de seu assombroso talento.
Tive a honra de conhecê-lo pessoalmente no concerto que fizemos ano passado, o " Guitar's Night", em Los Angeles. Jymmy esteve lá.
Só de vê-lo de perto e trocar algumas poucas palavras com ele, entendi tudo.

Jymmy Wible himself


Jymmy Wible's piece

Jymmy Wible himself

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A great song is always a great song.

A great song, no matter what, is always a great song. This is a classic example of that ( in a GOOD way), I particularly always loved this Woody Allen's version of this beautiful tune.
He's singing it as simple as you could sing, surronded by a gourgess and very sutil arrangment.

It's worthed to check the Keith Jarrett's version from the album The Melody At Night, With you, and Diana Krall's Version, from the album All for you, as well.

I'M THROUGH WITH LOVE ( Matt Maineck, Gus kahn. J. Livingston)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Mercado Cultural em Salvador

Logo ao desembarcarmos no Hotel em Salvador, por ocasião do Mercado Cultural que acontece na cidade anualmente, deparamo-nos com o clima de extrema camaradagem e profissionalismo que envolvia a estrutura toda (staff e artistas), uma coisa muito bacana e a combinação ideal para qualquer viagem.
Já sabíamos da importância desse evento intercontinental, mas de fato foi surpreendente e gratificante estar em contato (bem de perto) com a música de nossos países vizinhos, tão próximos mas ao mesmo tempo tão distantes... explico:
É mais fácil estarmos inteirados sobre uma nova banda pop-rock Norueguesa ou aquele rapper do subúrbio de Paris do que a cena musical que nos envolve pelas fronteiras; Venezuela, Peru, Colombia, Argentina, Peru ou Bolivia...
Isso é fato mas, sem entrar em detalhes sobre os motivos desse relativo distanciamento cultural ( pelo menos no que diz respeito a música), digo que ter conhecido o trabalho do cantor de Madagascar Rajery, o grupo de quatristas venezuelanos C4, reouvir o trabalho do projeto América Contemporânea (com Aquiles Baez, Lucía Pulido, Luis Solar Narciso, Benjamim e João Talbkin, Ari Colares, Alvaro Montenegro), além de outros músicos interessantes e pessoas agradabilíssimas, foi e sempre será daquelas experiências prazerosas e inesquecíveis.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

São Paulo traffic...


The only thing we can do about facing the São Paulo traffic (my dear hometown) showing some civilized manners is to charge your Ipod and enjoy some good music while driving, and relax...that's the best way out from getting nuts, garanteed!
Here's my playlist from this past week:

Glazunov - Glazunov: The Sea, Oriental Rhapsody, Ballade
Gerald Wilson - Monterey Moods
Chico Buarque - Almanaque
Milton Nascimento & Belmondo - Milton Nascimento & Belmondo
Paulinho da Viola - Prisma Luminoso
• Burt Bacharach & Elvis Costello - Painted from Memory
Joe Henderson - So near so far
Maria João e Mário Laginha - Chorinho Feliz
Sylvain Luc - Trio Sud
Zé Miguel Wisnik - Pérola aos poucos
André Mehmari - Lachrimae

Obrigado ao pessoal de San Diego

No último dia 23 de Novembro recebi um e-mail da California que me deixou profundamente emocionado.
É que atualmente vivemos essa realidade de extrema volatilidade, tudo passando sob nossos olhos tão rapidamente, transformando-se como se numa espécie de "estado líquido", que nem mesmo sabemos qual o propósito de tudo o que plantamos em meio a essa efemeridade constante das coisas, uma aparente areia movediça!
O que é real e o que é virtual, fictício? Parece que não sabemos mais. Nesse ponto, confesso, a internet nos confunde sobremaneira. Separar o joio do trigo nesse universo de um bilhão de informações, entre as verdades e os factóides a que a rede nos expõe, inclusive invadindo diariamente nossas caixas postais, não é das tarefas mais fáceis!
É como naquele livro de Zygmunt Bauman "Modernidade Líquida", ou a velha questão que sempre esteve no ar: Quo vadis?...
Pois bem, voltando à mensagem, ela me contava de uma recente homenagem, um concerto realizado na cidade de San Diego semana passada; 'Chico Pinheiro Tribute Concert'.
A flautista e uma das participantes do tributo, Louisa West, reportava-me entusiasmada sobre o que acontecera naquela noite de Domingo; o repertório, arranjos, formações e bandas participantes, os três sets que compunham o show.
Fiquei surpreso e maravilhado com tamanho cuidado nos pequenos detalhes; a transcrição dos temas, dos solos, instrumentações, a dedicação e tempo empenhados por todos os envolvidos no projeto.
Isso me fez lembrar da pergunta de um grande amigo, Márcio Soares (hoje um dos grandes montadores de cinema e TV do país, também saxofonista e Clarinetista de Jazz) durante nossos tempos de Berklee: "Chico, qual o seu sonho pro futuro?" Ao que respondi: "Trabalhar! E, se possível, sempre com boa música".
A todo o carinho e generosidade que vem de longe, a Kamau Kenyatta e membros do University of California's Jazz Studies Department, a todos os músicos participantes, envio de volta um abraço afetuoso: Muito obrigado pessoal!