sexta-feira, 4 de março de 2011

Remakes


Assim como quando vejo alguns políticos prometendo maravilhas na televisão, tenho certa desconfiança pelos remakes de filmes e afins, por princípio (sei que a comparaçao pode parecer um pouco esdrúxula, mas é verdade, pois há em mim um sentimento de "é difícil acreditar, até que se prove o contrário").
Por mais que tenhamos uma esperança, e até o desejo de que a refilmagem seja maravilhosa - ainda melhor que a original - a realidade quase sempre acaba nos provando que não...
Fora algumas esparsas exceções, a grande maioria das refilmagens não se sustenta quando comparada às versões originais correspondentes. Além de no mínimo serem marcantes (até por ser mais improvável um remake de um filme inespressivo), há ainda o apego emocional, a memória afetiva.
Filmes como Lolita ( Kubrick, 62'/ Adrian Lyne, 97') , Asas do desejo (Win Wenders, 87'/ "Cidade dos Anjos", que não é remake mas baseado no primeiro), Psicose (Hitchcock, 60'/ Gus Van Sant, 97'. Este dirigiu entre outros Good Will Hunting, um lindo filme), para mim, estariam nessa lista.

Veja o caso do recente "Fúria de Titãs". O original, de 1981, em termos de efeitos especiais evidentemente não apresentava os recursos que a nova versão traz, (afinal são quase trinta anos separando as duas versões). Mas a poesia vinha justamente da limitação, até de uma certa ingenuidade, pureza, o que acabava valorizando as interpretações dos atores, e que atores! Laurence Olivier fazendo o papel de Zeus, Ursula Andrews (Afrodite), Maggie Smith ( a professora de Harry Porter aqui vestindo a Deusa Tétis)...
Já imaginaram o quixotesco "L'armata Brancaleone" em versão remake: em 3D, com armaduras fashion e cavalos voadores?
Bom, para contrabalancear, um remake bem interessante tanto pela visão inusitada e extremamente pessoal do diretor, como toda concepção e 'vibe' obscura ( totalmente diferente da primeira versão, de 1951), é Alice in Wonderland, de Tim Burton (embora ainda tenha certa predileção pelo original, da Disney - da época em que desenho animado se fazia "na mão" e à lapis!)
Ah, e estão dizendo que o novo filme dos irmãos Cohen, "True Grit", com Jeff bridges no papel que foi de John Wayne na versão original (1969), é muito bom. Enfim, é ver para crer....

3 comentários:

Chico Pinheiro disse...

Assisti por estes dias dois dos filmes dos quais tinha ouvido falar muito bem; Black Swan e Illusioniste.
Natalie Portman realmente fez toda a diferença em " Cisne Negro ( Black Swan)" no papel da bailarina Nina.
Quanto ao Illusioniste - bacana também, principalmente os desenhos, que são bem bonitos.
Agora, parto para O Discurso do Rei e True Grit.

Mecka disse...

Oi Chico,

Compartilho com você da opnião sobre remakes! No meu caso, não se trata tanto do descompasso com o original, por que se é Remake, em outra época já não poderia ser igual mesmo. Mas manca a primeira surpresa, aquela primeira emoção...
Por exemplo, gostei do Alice in Wonderland do Tim Burton, os efeitos especiais são impressionantes e também a característica psicológica dos personagens, mas o problema é que a minha criança adoraaaa a versão original e sim, procura por ela...
Acho que por esta razão , remakes jamais me impressionarão completamente...
Fico a imaginar, como fazer um outro ET, como fazer um outro Ferris Bueller's Day Off?
Mas quem assistir a primeira vez a um remake destes na infância ou adolescência provavelmente vai adorar.
É isso, filmes marcam os nossos momentos de vida e como eles são insubstituíveis, é complicado o remake.
Gostei demais do Discurso do Rei. O Illusionista, ainda não chegou por aqui. Cisne Negro é abençoado pela Natalie Portman, ela está incrível no papel, entretanto o filme não me surpreendeu, saquei a Nina na primeira cena e imaginei todo o roteiro a partir dali, então ficou aquele clichezão na minha cabeça. Entretanto gosto dos filmes do Aronofsky, como Requiem for a dream e The Fountain.
Ainda não vi o True Grit, gosto muito do original.
Um beijo,
Mecka

Chico Pinheiro disse...

Oi Mecka,
É isso mesmo - é aquela primeira impressão do original, que traz uma emoção à parte...
Tanto assim é, que esqueci de citar um filme que adoro e é um remake (talvez justamente por não ter assistido o original, de Vittorio Gassman):
"Perfume de Mulher", com o Al Pacino.
Bjs,
C.