sábado, 8 de agosto de 2009

Formação e informação...

Tenho estado um pouco farto dos noticiários; os matutinos, revistas, telejornais, a internet... não por algo específico, mas sim por uma série de razões; leia-se 'notícias'. Cá entre nós, não está brincadeira!
Veja por um lado o caso dessa exemplar cidadã, que por acaso trabalha em minha casa há bastante tempo, a Gê: ela sustenta quatro (eu disse q-u-a-t-r-o) filhos com o salário que recebe todo mês, batalhado real a real, e ainda assim chega invariavelmente com a disposição contagiante que lhe é peculiar 'bom dia seo Chico, o café está na mesa'. Ainda paga honestamente seus impostos, como todos nós cidadãos... isso teoricamente, é claro.
Por outro lado, abrindo o jornal logo na capa me deparo com a manchete em letras garrafais: "Presidente do Conselho de Ética arquiva todas as acusações restantes contra Sarney".
A esta altura vocês vão pensar "que raios ele está falando, que conexão teria a Gê e seu digno ganha pão com o caso dos Sarney?". Simples, são dois exemplos claros de duas classificações antagônicas: a da Gê - cidadã direita, honesta, com C maiúsculo, e a desse político, essa figura pública conhecida (melhor não dizer aqui em qual classificação se encaixaria).
Pois bem, ao ler essa notícia do arquivamento, despertou-me novamente aquele sentimento que evito tanto, não sei ao certo se uma ojeriza, indignação, ou mesmo uma pungente desolação que muitos chamariam de solidão. But the life and the show must go on!
Voltemos a realidade; essa politicalha brasileira não inventou a aura escura que ronda o senado ( ou a política geral), os senadores da Roma Antiga já se refestelavam usando os mesmos artifícios que os atuais continuam a se utilizar, e que estão nas capas dos jornais, noticiados à fartura, pra quem quiser ver.
O que me espanta mesmo é, em pleno século 21, continuarem toda essa farra, sobretudo protegidos por uma lei que eles mesmos criaram para burlarem a pena que aplicam severamente no cidadão comum, isso é, a Gê.
"Atos secretos"? Em pleno 2009? No way!
Enfim; o melhor a se fazer quando essa 'pungente desolação' ensaiar sua aparição dentro na gente , é se dispensar a tal "informação" ( pelo menos por hora), e optar pela "formação"; vá de Fernando Pessoa, Shakespeare, Jung, Machado de Assis, Nietzsche, Platão, Schopenhauer... todos eles nos falam destas mesmas fraquezas humanas, com uma grande vantagem: a de que, certamente, chegaremos ao final das leituras mais inspirados, e felizes!

3 comentários:

Natalia Magno disse...

Oi Chico! Tudo bem?
Eu estou sentindo isso também, tanto que nem quis comprar jornal essa semana pra ver tanta barbaridade junta num lugar só.
O melhor é ler livros mesmo, desisti de jornal por uns tempos.
Estou lendo "Dom Casmurro" e tá de ótimo tamanho!!

Beijo!

Ps: vc ainda está devendo o roteiro da Europa. rs

Mecka disse...

Chico,

Compactuo, assino embaixo!
É realmente um indignação quase inominável a que sinto hoje, depois de confirmado o tal arquivamento.
É um pouco assustador pensar na perpetuação lícita de posturas tão vergonhosas, para não dizer mais.
Mais assustador ainda, é que amanhã de manhá a maioria das pessoas apesar de toda esta pouca vergonha, vai trabalhar, comentar de sua indignação e entretanto se preocupar em real a real construir o ganho do mês, pagar os impostos embutidos em artigos alimentícios e taxas de moradia.
Só lembro do Renato Russo: "Nas favelos, no Senado....para todo lado".

Beijão,

Mecka
Um beijo,

Mecka

Karina Santiago disse...

Meu caro,

Lembrei agora de nossa conversa ao passar em frente ao Banco Central e o sentimento que desperta no Fábio. Eu, como afirmei naquela conversa, não consigo engolir essas coisas. Sofro, fico indignada, protesto (qualquer dia tenho um ataque cardíaco aqui em Brasília). Pois bem, após a votação eu me achei no direito de ir até o Senado perguntar ao Senadores que votaram pró-Sarney o motivo de seus votos. Queria ouvir a desculpa esfarrapada. Infelizmente dei com a cara na porta pois o Senado está fechado para visitação com a desculpa da gripe A. Não desisti ainda e pode parecer ridículo e insignificante, mas eu acredito que se mais pessoas fizessem isso, talvez as coisas fossem diferentes.

E para os que não sabem, os políticos são de fácil acesso aqui em Brasília, é só ir até os gabinetes.

Ainda cobrarei uma resposta e pretendo lembrar a todos os nomes dos membros dessa Comissão de (Anti)Ética nas próximas eleições.