Vendo o documentário sobre a sensacional trupe dos Dzi Croquettes, o grupo que na década de 70 (em plena ditadura), revoluciou ao montar um espetáculo de cabaré completamente avant-garde (dançando, cantando e atuando travestidos de mulheres), achei bonito a deferência com que até hoje são tratados por seus contemporâneos (algo mais do que merecido). De Pedro Cardoso, Betty Faria, Jorge Fernando a Falabella e Cláudia Raia; de Ney Matogrosso, Gilberto Gil e Cesar Camargo mariano a Liza Minelli, todos tiram o chapéu para os Croquettes e o genial coreógrafo e bailarino
Lennie Dale.
Os depoimentos do filme compartilham de uma idéia que acredito ser a pura realidade - de que quando alguém desenvolve Arte no grau de entrega e verdade em que aquele grupo desenvolvia - não existe a menor possibilidade de se tentar reproduzí-la, justamente por ser tão genuína, própria do(s) seu(s) criador(es) - tão intransferível quanto um RG, ou uma impressão digital.
Outra coisa: se por um lado o artista virtuose quase sempre é um obcecado pela busca da excelência artística, é também fundamental que tenha um ingrediente de loucura e irresponsabilidade no ato da criação, seja ela qual for.
Embora não fosse nascido quando os Dzi Croquettes apareceram, entendo e respeito profundamente o impacto que causaram com sua postura, conceito artístico e coragem!